sábado, 15 de outubro de 2011



O trabalho com a arte sacra é algo transcendental, pois é através deste que podemos proporcionar ao público um contato com o transcendente “Por isso, o artista sacro, ou iconógrafo, tem de ser alguém que procura ter profunda experiência do transcendente. Assim, ele ‘escreve’ o que vivenciou através dos símbolos, transmitindo a outros sua experiência de transcendência” (ANTUNES, 2010, p. 13), este relatar a experiência fica impresso em sua obra que irá provocar as pessoas um sentimento de contemplação do divino.
A iconografia é um meio de traduzir através de símbolos aquilo que temos de divino, o bem maior de forma harmônica e acessível, aos olhos e toque de todos. È um aproximar o transcendente de todos por meio da arte, que suaviza todo o caos vivido internamente em todo ser humano. Todos estes aspectos são relevantes neste processo de evangelização, os quais incitam as pessoas a se apaixonarem pelo divino por meio da arte, de uma forma dinâmica e contemplativa. “Ela é um órgão constitutivo da vida humana, transmitindo a percepção racional das pessoas para o campo dos sentimentos. Ela faz parte daquilo que define o ser humano e o integra ao seu mundo e à transcendentalidade” (ANTUNES, 2010, p. 11-12). Através da arte somos convidados a vislumbrar a beleza do criador, pois somos tocados pelo sentimento que o artista vivenciou ao pintar aquela obra sacra, de forma que podemos viver naquele momento uma experiência real de algo que tanto buscamos uma vida inteira, uma experiência com Deus.
“Beleza é comunicação, pois só há beleza em relação de alguém para alguém. A iconografia é sacramento dessa comunicação misteriosa” (ANTUNES, 2010, p. 07). A iconografia nos interliga com o misterioso, o que está acima de todos nós, este conectar-se é algo que todos procuram por tantos meios, mas não percebem que a arte pode elevá-los de uma forma tão singela e prática, que na maioria das vezes nem nos damos conta. È na simplicidade da arte, na espontaneidade, e na liberdade de expressar as figuras que a arte alcança à todos de uma forma carinhosa e aconchegante.
 Como o próprio Deus, que é amor, suavidade e compaixão, um Deus tão simples que nos deixa tocá-lo por gestos tão singelos, como a arte. “A arte sacra é um lugar epifânico, da revelação da beleza do Criador. A experiência cristã da beleza passa por essa percepção de um olhar transfigurado e transfigurador da realidade” (ANTUNES, 2010, p. 05. Itálico do autor). É neste lugar epifânico que realizamos este contato quase que material com o nosso criador.

Texto desenvolvido por Jorge Armando Pereira

Referência

ANTUNES, O. A beleza com experiência de Deus, São Paulo, Paulus, 2010.

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