quinta-feira, 11 de abril de 2013



Ars celebrandi  
A arte de celebrar.
Celebrar a fé é, de fato, uma arte, como uma bela sinfonia na qual saber interpretar os acordes torna a música harmoniosa aos ouvidos. Realizar esta grande obra implica em aprender a ouvir, perceber e sentir todos os detalhes existentes em uma sagrada liturgia. É preciso fazer da celebração um “colóquio com Deus”, um momento onde “entramos” na liturgia para que a mesma torne-se para nós “uma escola de vida” que nos oriente a viver a vida retamente, segundo as sábias palavras de Bento XVI.
            Conhecer e interiorizar a estrutura da celebração permite-nos celebrar “com” a Igreja este diálogo onde súplicas e agradecimentos são ofertados a Deus. Fazer do ato de celebrar tornar-se uma arte é dever e direito de todo cristão batizado, que carece de realizar “um encontro com o Senhor, que por nós se despoja da sua glória divina, se deixa humilhar até à morte de cruz e assim se entrega a si mesmo a todos, a cada um de nós” (BENTO XVI, 2012, p.91). A arte de celebrar implica em conceber por liturgia algo diferente do que conhecemos, como apenas uma normatividade do ato de celebrar, pois articulá-la de forma harmoniosa permite-nos adentrar em sua espiritualidade,  a qual se encontra intimamente ligada ao transcendente.
            Extrair de uma visão litúrgica apenas rubricista uma espiritualidade amorosa é algo que apenas a “Ars celebrandi” pode realizar, proporcionando à assembleia o conhecimento sobre os mais singelos gestos na liturgia tornando a celebração cada vez mais compreensível e intensificando a proximidade com o Senhor.  Aprender também a encontrar no silêncio a união e o agradável conforto espiritual. Ouvir o que o Senhor tem para nos falar, pois “Ele age no silêncio” (BENTO XVI, 2012, p.93) e no murmurar da brisa suave.
            Por isso, tornar a “Arte de celebrar” uma realidade em nosso meio é uma urgência, pois “o elemento fundamental da verdadeira ars celebrandi é esta consonância, esta concórdia entre o que dizemos com os lábios e o que pensamos com o coração” (BENTO XVI, 2012, p.95). Traduzir nossas palavras em gestos concretos permite-nos que a liturgia torne-se uma pedagogia de vida, orientando-nos rumo à Jerusalém celeste. É importante ressaltar que a arte de celebrar “não pretende convidar para uma espécie de teatro, de espetáculo, mas para uma interioridade que se faz sentir e se torna aceitável e evidente para o povo que assiste” (BENTO XVI, 2012, p.95).
            Introduzir o termo arte no processo de celebrar os Santos Mistérios, não significa transformar a liturgia em um mero espetáculo, mas sim torná-la bela e em “[...] comunhão de todos os presentes com o Senhor” (BENTO XVI, 2012, p.96). A arte de celebrar consiste em envolver os participantes da celebração na oração, para que todas as pessoas que nos encontrarem pelo caminho percebam em nós a “presença do Senhor”, ou seja, a alegria de ser cristão e testemunhar esta fé viva e autêntica. Tornar a arte de celebrar presente em nossas celebrações significa proporcionar uma liturgia catequética, onde cada cristão saiba o significado de cada gesto, com a finalidade de que a liturgia traga às nossas vidas sementes transformadoras do amor de Deus.
            Desta forma, quanto mais conhecermos as preciosidades existentes em nossa Igreja, mais atraídos seremos pela grande beleza que é Cristo Jesus. Portanto, trazer a arte para a celebração possibilita-nos que “estando com Ele podemos ser verdadeiramente para todos” (BENTO XVI, 2012, p.101). Assim, evidencia-se a necessidade de que a “Ars celebrandi” torne-se cada vez mais uma realidade viva em nossas comunidades.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BENTO XVI, A Liturgia por Bento XVI, São Paulo, 2012.

Jorge Armando Pereira
Seminarista da Arquidiocese de Botucatu

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